terça-feira, 30 de junho de 2009

A caçada de borboletas


Personagens: Maria e Pedrinho

Local: nos espaços vagos entre as cadeiras coloridas de vermelho, verde, branco e marrom, que separadas são simplesmente cadeiras de plástico, umas de melhor outras de pior qualidade, juntas formam a numerosa platéia do circo onde Maria e Pedrinho moram.

Época: atual, mais precisamente numa tarde escaldante de sexta feira, de um dezembro descompensado.

Depois de testarem diversas brincadeiras pelo espaço imenso do circo
Depois de terem explorado as sombras, os caminhos, os toldos, os traillers, e a praça de alimentação...
Maria e Pedrinho não pareciam se incomodar com o calor
E sem mais idéias para brincarem fora do circo
Resolvem adentrar a lona.



Olhar para o céu estando debaixo da lona é como se estivesse dentro de um doce
Amarelo com vermelho
Apetitoso
Delicioso
De lambuzar os beiços,

Mas só parece
Porque todo mundo sabe que não se come a lona de circo
A não ser com os olhos.

Maria e Pedrinho estavam famintos de uma brincadeira nova, mas não podia ser qualquer brincadeirinha de menina, ou de menino, tinha que ser uma aventura...

Mal entraram debaixo da lona, ainda sob o tapete vermelho que recebe o público na sua entrada, os olhos atentos e espertos do Pedrinho avistaram uma linda e grande e preta borboleta que sobrevoava as cadeiras...
Sentava numa
Sentava noutra
E dava rasantes que enlouqueciam Pedrinho.

Ele como um relâmpago saiu
Voando atrás da borboleta
E de várias maneiras tentou pegá-la
Maria corria junto
E dizia:
- O Pedrinho meu amigo está caçando borboletas.

As borboletas são freqüentadoras assíduas do circo,
Ao despertar,
Abrem-se as janelas dos traillers
E fazem a festa ainda com resquícios do orvalho da manhã
As borboletas amarelas,
Mas as que entram no circo
São as pretas
As rainhas das borboletas.
Só elas entram debaixo da lona e aproveitam
Demarcam território com a leveza das batidas de suas asas equilibrando-as no ar circense.
Estas não pagam ingresso, acho que nem nunca pagaram.

As borboletas encantaram a Maria e o Pedrinho...
Mas depois de inúmeras tentativas frustradas de pegar e prender as borboletas...
Eles chegaram a uma importante conclusão:

Já que não se consegue prender as borboletas porque são rápidas e porque tem asas, fogem mais depressa e parecem ser mais livres, eles decidiram catar canudinhos de refrigerantes debaixo das cadeiras coloridas do circo.
Com esta brincadeira se distraíram por horas,

Mas como quase toda brincadeira de criança
Maria acabou chorando.




- Porque choras Maria?

- É que eu queria umas caixinhas de pipoca que o Pedrinho pegou.

- Pedrinho dê algumas caixinhas pra Maria.

- Eu não, quem mandou ela insistir com as borboletas? Enquanto ela corria atrás das asas das borboletas eu juntava canudinhos e caixinhas de pipoca.
Você tem que ser mais esperta Maria.

Sentenciou Pedrinho no final da brincadeira.

Mal sabia ele quais eram os planos secretos da Maria para aquela noite...ela os disfarçava muito bem por detrás daqueles pequenos olhos curiosos.

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