A palhaça e o poeta
Um dia, uma palhaça pagou uma xícara de café para um poeta
e ela ainda se lembra,
com a mesma doçura e o mesmo sabor do chantily com canela
que cobria a xícara de capuccino
sob a última mesa de uma confeitaria no centro da ilha.
Depois de se amarem com a intensidade dos poetas e a entrega dos palhaços
Os dois trilharam de mãos dadas as calçadas da ilha.
As mãos quentes se tocavam
Com ternura e paixão
A mistura de uma composição explosiva de sentimentos.
Os dois fingiam um turismo,
Um passeio
E só os dois acreditavam nesta invenção desejosa
Até os bancos da praça desvendavam seus segredos
Seus desejos de amor disfarçados
Entre olhares nervosos de despedida, de saudade, de vontade e de querer
Os dois continuavam a simulação do passeio.
Peregrinação nas escadarias da igreja, reza e olhares devotados a Nossa Senhora
Pétalas amarelas
E carinhos e abraços e beijos
E pecado.
O poeta
Cavaleiro das palavras profundas e das conjunturas absurdas
Abraçou com as palavras e com o menino dos olhos tocou o sentimento meio ferido daquela palhaça.
A palhaça
Encantadora de risos
Beijou com graça e com a virgem imaculada do seu sentimento secreto o peito daquele poeta.
Os dois ainda simulavam o encontro de amor
Quando o sonho se perpetuou no imaginário
E no fim do olhar dos dois
Que foi se perdendo com a lonjura
E com o tempo
Ainda se encontram em memória e em sentimentos,
Para continuarem a simulação de amores
Entre um poeta e uma palhaça
Que começou no velho oeste e continuou nas areias da ilha.
terça-feira, 30 de junho de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
tava bem escondidinho, esse texto. encontrei procurando neruda no google. adorei saber da tua versão. beijo
ResponderExcluir