terça-feira, 30 de junho de 2009

O pote mágico dos beijos


De tanto sobrar-me beijos dos mais variados tipos,
Resolvi inventar um pote para guardá-los.

Para aqueles que enxergam com os olhos
O pote era bem pequeno e não parecia caber nem um beijinho se quer.

Mas para aqueles
A quem só sentir já lhes basta
Ah, pra estes o pote era imenso
Um gigante pote de beijos.

De fora tão pequenino, mas ao lhe retirar a tampa
Um buraco bem fundo
E macio.

Cada beijo armazenado repousava no fundo macio do pote.

Tive o cuidado de guardar beijo por beijo com toda a minha delicadeza.

Assim que escorregavam pelo canto direito da minha boca
Aqueles beijos perdidos
Sem rumo certo
Sem destino
Eu docemente os conduzia ao fundo macio do pote.

E lá foram adormecendo os meus beijos
doces
loucos
coloridos
soprados
encantados
mastigados
suspirados
sussurrados
amarelados
beijinhos estofados
mordidos
acanhados
beijos safados
provocantes
apaixonados
amorosos
carinhosos
vermelhos e laranjados
beijos desfolhados
explodidos
arrancados
cultivados
beijos curiosos e engraçados
...

Cada beijo se arranjou como pode no fundo macio do pote.

Quando eu ia guardar um beijo,
Os outros
Cansados do pote queriam sair de lá
E arranjavam várias maneiras de me enganar.

Disfarçavam-se de agradecidos
De amigos
De saudosos companheiros
Uns conseguiam se disfarçar de beijos de fadas
E com este disfarce fajuto muitos me encantaram e fugiram do pote.

O pote mágico dos meus beijos já está estufado
Pois quando um beijo beija outro beijo
No fundo macio do pote
Vertem pelas paredes brilhantes
Beijinhos enlouquecidos
E assim
Cada vez mais beijos repousam no fundo daquele pote.

Uns beijos meus ainda estão soltos por aí.
Outros estão guardados no fundo daquele pote
Esperando que alguém distraído
Abra a tampa do pote sem precauções nem cuidados.



26/06/2008

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